10.11.23

DÉCADA.


Que década!

Primeiro mudei de mundo,

na volta mudei o mundo,

e depois o mundo mudou-me.


A intuição estava lá,

mas faltava a confiança, 

infantil, 

de voar com um lençol ao pescoço.

Voado o voo já grande,

percebe-se

que a alegria estava no lençol. 


Entretanto,

o essencial continua.

Mais afunilado e real,

mas mais profundo e aceite.


"Só" é cada vez mais real 

mas, 

por isso, 

menos verdadeiro.


O suspiro, de toda uma década, é de descanso.

Sorrio, cúmplice, com o espelho.