Que década!
Primeiro mudei de mundo,
na volta mudei o mundo,
e depois o mundo mudou-me.
A intuição estava lá,
mas faltava a confiança,
infantil,
de voar com um lençol ao pescoço.
Voado o voo já grande,
percebe-se
que a alegria estava no lençol.
Entretanto,
o essencial continua.
Mais afunilado e real,
mas mais profundo e aceite.
"Só" é cada vez mais real
mas,
por isso,
menos verdadeiro.
O suspiro, de toda uma década, é de descanso.
Sorrio, cúmplice, com o espelho.
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